O estudo dos gestos é de fundamental importância para a linguagem corporal. Através dessas ações podemos identificar a importância da mensagem enviada, a emoção que o emissor está sentindo e até identificar mentiras.
De acordo com o antropólogo Desmond Morris, “gesto é uma ação que emite um sinal visual a um assistente”. Essa frase está relacionada com um dos princípios básicos da linguagem corporal: “o mais importante não é o sinal emitido e sim a maneira como é recebido pelo receptor.”
De acordo com o mestre Paulo Sérgio de Camargo: “Os gestos são movimentos do corpo, ou de suas partes, que são utilizados para transmitir ideias, sentimentos e intenções”.
Ao longo da história, gestos importantes apareceram e servem até hoje para identificar seus autores. Como exemplo podemos citar o gesto feito por Hitler. O tirano alemão quando se dirigia ao seu quórum esticava a mão para frente com a palma virada para baixo, passando a mensagem “eu domino vocês. Vocês são inferiores a mim”. Napoleão Bonaparte aparecia em fotos com a mão esquerda dentro da camisa.
Os gestos variam de acordo com a cultura. Gestos podem ser parecidos, mas tem significados diferentes de acordo com a região ou o país. Por exemplo: O sinal com o polegar para cima no Brasil e em outro países significa “positivo”. Na Itália esse mesmo gesto tem conotação diferente. É um gesto ofensivo.
O gesto de unir a ponta do indicador e do polegar significa OK para muitas culturas, porém para outras o significado é completamente diferente.
Dentre inúmeras funções, a maior importância dos gestos é substituir a fala.
Quando nascemos, antes de falar, temos uma enorme capacidade de nos comunicar através dos gestos, essa capacidade a medida que melhoramos na comunicação verbal.
Bons oradores são aqueles que conseguem realizar muito bem seus gestos, fazendo-os de forma controlada e coordenada com seu ritmo vocal.
Em 1969 Paul Ekman e Wallace Friesen classificaram os gestos em três categorias importantes: Emblemas, Ilustradores e Adaptadores
- Gestos emblemas: De acordo com o mestre Paulo Sergio de Camargo em seu livro Linguagem Corporal: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais (summus editorial, 2010): “Emblemas são atos não verbais com uma tradução verbal específica”. Ou seja, são gestos que possuem um significado específico, representando uma palavra ou um conjunto dessas palavras já bem conhecidas. Por exemplo: Na década de 90 Chico Anysio ao interpretar o Professor Raimundo, no programa humorísitco “Escolinha do Professor Raimundo” sempre usava um bordão no final do programa: “e o salário ó!….”, ao mesmo tempo fazia um gesto com o dedo indicador e polegar que é conhecido como pequeno
- Gestos ilustradores: São os mais comuns. São utilizados para auxiliar na fala. Reforçam as informações transmitidas pela linguagem verbal. Por exemplo: Uma pessoa está descrevendo uma briga e faz o gesto com a mão fechada simulando um soco.
A pessoa fala que sincera e que não esconde nada ao mesmo tempo que mostra a palma das mãos.
- Gestos Adaptadores: Estão relacionados ao toque podendo ser no próprio corpo, em objetos ou em outras pessoas. São realizados de forma inconcientes e indicam estado de ansiedade, nervosismo, tensão.
Estão divididos em Autoadaptadores, objeto-adaptadores e outro-adaptadores
Os autoadaptadores (autotoques) são utilizados para aliviar a própria tensão, nervosismo provocando uma espécie de conforto, proteção.
Esse gesto tem origem na infância. Quando estávamos chorando, nossas mães faziam carinhos para nos acalmar, tranquilizar
Os objeto-adaptadores ocorre quando os toques são realizados em objetos, podendo ser o cigarro, a caneta, o brinco nas mulheres.
Na Inglaterra, quando havia festas da realeza, o príncipe Charles entrava tocando em suas abotoaduras
Os outro-adaptadores ocorre quando o gesto é realizado para acalmar o outro. Exemplo: Ajeitar a gravata do outro, etc..
É possível detectar a mentira por esses gestos?
A resposta é sim.
Devemos ter algumas coisas em mente
A intensidade dada a linguagem verbal deve ser a mesma da linguagem não verbal. Assim, se alguém dá uma intensidade alta em sua fala, mas seus gestos são realizados de forma calma, há o que desconfiar dessa pessoa. Ela não está sendo verdadeira
Quando falamos a verdade a linguagem verbal e a não verbal devem estar em concordância o tempo todo. Quando essa coordenação deixa de existir há uma possível mentira no discurso. Por exemplo: Se uma pessoa está afirmando algo e faz o sinal “sim” com a cabeça, significa que aquela afirmação é verdade. Se ela nega algo e faz o sinal de “não” com a cabeça, está falando a verdade.
A mentira se mostra quando ocorre o oposto. A pessoa afirma e ao mesmo tempo nega com a cabeça. Nesse caso devemos confiar SEMPRE no gestual.
Estudos comprovam que o mentiroso aumenta sua quantidade de auto contatos para tentar se acalmar da situação embaraçosa em que está.
Texto por: Damis Almeida e Júlio César | Linguagem Corporal em Foco